segunda-feira, 13 de julho de 2009

Se levarmos em conta o preconceito que as pessoas ditas "normais" tem para com os soro positivos, classificados como "ameaças", a resposta seria não. Fomentados por uma gama de preconceitos e de ideias retrógradas, essas pessoas se colocam acima de qualquer suspeita e criam um mundo de perfeição, onde o que impera são as suas verdades, seus ideais, seu mundo de sonhos. Entretanto, não se pode criar uma redoma de vidro e excluir tudo o aquilo que não é visto como "positivo" de nossas vidas. Os nazistas já tentaram isso uma vez ao criarem a ideia de raça superior e de que os mais fracos e inferiores deveriam ser exterminados. E mataram milhões de judeus, comunistas, homossexuais, ciganos, doentes mentais, paraplégicos, etc. Durante a Idade Média, a Igreja Católica tratou de perseguir e matar todos aqueles considerados "diferentes" pelos seus dogmas. A mesma Igreja Católica tratou de escravizar e matar milhões de africanos, ora por lucro, ora para beneficiar uma outra etnia - os ameríndios. A diferença, a alteridade, sempre foi vista com suspeita por parte dos detentores do poder, que vislumbram um mundo onde a "paz e a harmonia entre as pessoas de bem possa reinar". A própria questão da escravidão, mesmo a moderna, é fundamentada na diferença. Senão vejamos: por que sempre o estrangeiro é o escravo? Se voltarmos no tempo e lembrarmos da escravidão na Grécia, em Roma, no Egito, ela sempre foi atribuída ao elemento externo e raramente ao local. Então, por que isso ocorre? Pode parecer que ao inveredarmos pela questão da escravidão estejamos fugindo da proposta inicial, mas é tudo uma questão só: a alteridade. Quando escravisamos, ou matamos ou impedimos alguém de gerar uma vida, estamos tratando o "diferente" como se fosse algo apavorante e monstruoso e, portanto uma ameaça à perfeição que reina no mundo dos "justos e belos". Algo que se contrapõe como feio e miserável, uma doença grave que vai contaminar suas entranhas. Continuo acreditando que o mundo é bom. As pessoas que vivem nele é que são ruins e tolas. Ao moldar um ambiente favorável à própria existência, essas pessoas esqueceram-se do outro, pois vislumbram o próprio "umbigo", o próprio ser, num individualismo mercadológico que despreza tudo aquilo que for classificado como "anormal".Os avanços tecnológicos e medicinais permitem a qualquer ser humano ter uma vida plenamente normal, seja ele soro positivo ou não. Evidentemente que há uma questão governamental muito complicada nisso, principalmente quando falamos do Sistema Único de Saúde brasileiro. Sabemos dos problemas que rondam nosso sistema de saúde pública e a questão do tratamento dos soros positivos ganha um ar dramático ainda maior, quando o assunto é remédio para conter o avanço da doença. Não estou de forma alguma querendo com isso, como diz o ditado, "ser uma barate e morder e soprar". Longe disso, estou mostrando que essa questão possui duas faces bem distintas e conflitantes por si só. Não podemos nos perder nessa linha de pensamento e levar uma para dentro da outra ou separá-las, por mais paradoxal que isso possa parecer - apesar de vivermos num país cheio de paradoxos e ambiguidades. O que estou tentando mostrar é que o direito à vida é inalienável e, portanto, garantido por lei. Mas, é preciso entender quais os riscos e as circunstâncias de cada caso. Como as pessoas responsáveis pela gravidez vão tratar a paciente e dar-lhe a atenção devida para que sua prole possa nascer sem risco. Como o SUS vai se comportar ao receber uma futura mãe soro positiva, talvez seja a maior de todas as questões. Devo lembrar que nesse caso, a questão não se prende só ao direito, que é inalienável como já disse antes, de se engravidar ou não. Mas sim, como aqueles que são responsáveis pelo andamento dessa gravidez vão tratar a mãe e a criança. Assim, no que se refere ao direito de um soro positivo ter filhos, sou totalmente a favor, mas mantenho minhas ressalvas sobre o comportamento das autoridades de saúde para com os envolvidos nesse processo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Pra não dizer que eu não falei sobre tudo

Quando o resultado do ENEM foi divulgado, lembrei da Idade Média e da famosa Inquisição imposta pela Igreja Católica àqueles(as) que ousassem enfrentá-la ou questioná-la. Imaginei: "Medidas serão tomadas, professores responsabilizados e alunos inocentados. Seremos bodes-expiatórios de um problema que aflige nosso país desde o início dos nossos tempos". Quando se discute a posição do São Bento, enquanto expoente do Exame Nacional do Ensino Médio, principalmente no que se refere ao seu estatuto - só aceita meninos e não se deixa levar por falsos modernismos educacionais de modelos importados da Europa em realidades completamente diferente -, alguns professores saem em defesa de uma postura mais liberal e que nós, "do Estado", temos dificuldades mil, como falta de condições de trabalho, salas superlotadas, salários baixos, etc.
Porém o que todos esquecem, ou pelo menos parecem esquecer, é nossa realidade além da sala de aula. Por exemplo, na escola onde trabalho à noite, possui um grande n° de alunos envolvidos com o consumo de maconha e craque, que falam abertamente que só vão a escola "pra curtir a onda e limpar a mente". Sempre falam em "arrumar R$ 1,00, pra comprar uma pedra (de craque ou crack) ou fumar um dedo de Hulk (maconha)", e isso passa por todos e nada é feito, pois existem outras obrigações, tais como provas, COC, testes, reuniões, etc.
A indisciplina extrapola a regra de "errar para aprender com os erros" e se torna um pesadelo para as professoras principalmente, pois eles (alunos homens) não as enxergam enquanto autoridade máxima na sala de aulas e caem num machismo retrógrado e preconceituoso, que acaba por confirmar a posição de Moacir Gadotti que afirma ser um desses problemas da Educação enquanto visão governamental: uma profissão de mulheres. Ou seja, Gadotti vislumbra como um dos males da Educação, a maneira como as autoridades e alunos entendem a profissão "professor".
Ao mesmo tempo, aparece uma legislação que protege o errado e culpa a vítima: ECA. O Estatuto da Criança e do Adolescente no São Bento é posto à revelia da autoridade da direção, pois prevalece o modelo tradicional de se educar, onde o professor é dono do conhecimento e o passa para os alunos, que estão numa posição de desigualdade e não naquela suposta horizontalidade, que em muito transformou professor em aluno e vice-versa (vide escolas que não tem professor onde alunos assumem o papel de mestres do saber). Talvez possa parecer saudosismo ou radicalismo minha busca de resultados, mas não consigo entender porque nós, professores, aceitamos tudo calados, sem questionar, pois temos uma grande arma em nossas mãos: liderança perante os alunos e a capacidade de torná-los instrumentos de mudança.
Então o que falta? Falta coragem pra mudar, deixar de lamentar como "sofressor" e que ganha mal, e blá, blá, blá... Mudar pra valer significa assumir postura diante de um quadro tenebroso que se mostra a anos e que tem sinalizado de diversas maneiras. Mas que fingimos não ver. Esperamos que alguém se apresente como culpado - hoje o Cabral "Pinóquio", ontém a Rosinha "Galiiiiinha Garotinha", antes o bandido "Menininho", e assim para sempre.
Combater o uso do crack, da maconha, da cocaína, do abandono, do uso de ar-condicionado numa sala que não tem janela, da sala que cabe 30 e colocam 65, dos salários baixos, da falta de material para se dar uma aula decente, do desânimo, do cansaço de trabalhar em 03 escolas por dia, enfim dessa merda toda que nos deixa cada vez mais desinteressados. Determinar objetivos que possam ser efetivamente cumpridos e cobrados é nossa saída, sem que haja possibilidades de serem mudadas cada vez que um político novo entra ou nomeia algum miserável que nunca entrou numa sala de aula.
De experiência própria: enquanto professor, e vou dizer de coração, a melhor maneira de se acabar com o crime não é matar a mãe do bandido pra evitar que ele venha a nascer. É gerar propostas que desestimulem o uso das drogas e a apologia às facções criminosas.
Acho que o assunto suscita dúvidas e cobranças de parte a parte e foi exatamente o que busquei: gerar um debate sadio acerca de cobranças, modelos educacionais, problemas educacionais e socioeconômicos, etc. Quando mencionei a questão da disciplina, tinha por base remontar o ano de 1968 na França, onde lia-se em vários cartazes, "É proibido proibir", "A barricada fecha ruas, mas abre caminhos", e que resultou num hino à liberdade de expressão no Brasil do mesmo ano, de Geraldo Vandré, "Pra não dizer que não falei das flores" e num outro de Caetano Velloso, "Sem lenço, sem documento", e num clássico cinematográfico, "Easy Rider". Talvez, naquele momento, estivesse sendo plantada a semente da liberdade, da democracia, que infelizmente, devido à conjuntura da época, não tivemos o sabor de conhecer.
Vinte, trinta, quarenta anos depois, nos deparamos com aquilo que muitos chamam de "traumas em decorrência da repressão que podem causar consequências profundas na formação da criança - o adulto do amanhã e, por conseguinte, resultados catastróficos na sociedade pós moderna". Aos defensores da repressão, lembro-vos que a situação caótica que nos encontramos hoje é resultado de 21 anos de ditadura e abusos de autoridade, que quando acabaram, nos deixaram em meio um mar revolto de "é preciso democracia, mesmo que isso resulte em modelos autoritários criados por um mercado devorador de pessoas e que vê o ser humano como um simples consumidor". A própria montagem do Estado nos anos de 1980 foi feito debruçado na ideologia mercadológica, na criação de uma administração pública que se preocupasse com a competição internacional do país em igualdade de condições num mundo que se globalizava e apalpado no modelo inglês tatcheriano do "roling back the satate", espelhando o "gerialism", ou, tornar o Estado empresarialmente viável e tratando o povo como mero consumidor dos produtos que iriam ser colocados no mercado.
Para os defensores da liberdade, quero lembrá-los de que a falência do estado weberiano, alicerçado no Estado Total ou Máximo, permitiu o surgimento de modelos neoliberais, onde as políticas públicas se direcionavam sempre para o grande aliado do estado “gerencial” – na visão de Bresser Pereira, o Plano Diretor, no primeiro quadriênio do Governo FHC – que é o mercado. O cidadão passa a ser entendido como fator secundário. Nesse sentido, a política educacional preocupou-se em fortalecer a PPP (Parceria Público Privado), onde caberia à iniciativa privada o gerenciamento do Estado, que agora se torna Mínimo. Fundamentados numa ideologia mercadológica, a meta principal era garantir a democracia a qualquer custo, mesmo que para isso fosse preciso “usar dos meios necessários” para a obtenção de tal resultado. E aí surgiram as leis da Educação, o ECA, o Estatuto do Idoso, o Código de Defesa do Consumidor, e tantos outros que buscavam garantir uma regulação eficiente entre o mercado e o consumidor. Ora, se estamos falando de educação, quem é o “consumidor”? O aluno? Seus pais? Nós, professores?
Para se garantir a realização desse projeto, foram planejadas políticas públicas que evitassem o retorno de ameaças que colocassem em risco a democracia brasileira. E resolveram “era proibido proibir”.
Numa sociedade despreparada econômica e socialmente como a nossa, a implantação de tais ideias tendem a criar um mundo do “faz de conta”, onde as pessoas acreditam piamente em tudo o que lhes é passado pela grande mídia – agora o principal fator de educação. Nada é feito sem que se ouça ou veja um exemplo mostrado no Jornal Nacional – exemplos positivos evidentemente, daquelas pessoas que deram certo vendendo churros na praia, etc – ou na Malhação – onde o importante da aula é a conversa paralela que rola enquanto professor explica a matéria.
De posse desses objetos de desejo, o indivíduo passa a ter a noção de que pode fazer tudo pois ninguém o impedirá. E aí ele vai pra escola, onde sua vida social se confunde com a obrigação de se preparar para o mercado de trabalho – modelo educacional proposto pela Lei n° 9394/96 – acha que pode fazer tudo também, assim como pode pichar muros nas ruas, botar fogo em índio (“Achei que fosse um mendigo”), espancar mulheres (“Achei que fosse uma prostituta”), tocar fogo em ônibus (“Achei que fosse ser humano), vender remédio falsificado (“Achei que poderia lucrar mais”), desviar dinheiro da merenda escolar (“Achei que poderia ficar milionário e não ser preso”, verdade pura), enfim, vários “achei” que permeiam nossa sociedade, sempre embasadas na impunidade.
De posse de tanta liberdade causada por tanto autoritarismo – relação de causa e conseqüência – nos vemos numa encruzilhada absurda de absurdos. Nos sentimos atraídos pela ideia de que “o bom é ser ruim”, somos “bad boys”, “pitboys”, “absurdamente malvados boys”, mas temos liberdade para isso, pois o estado democrático de direito deve estar garantido e para isso ou para reparar possíveis injustiças, existe a lei, o STF (piada de mau gosto principalmente com a atual presidência do sr. Ministro Gilmar Mendes, aquele que mandou soltar todos os presos pela PF, porque poderiam se sentir “constrangidos com tamanho absurdo”), a lei da “algemas nas rendas” (que proíbe o criminoso do colarinho branco de ser algemado e exposto no Balanço Geral, do Wagner Montes – sim, o Wagner Montes, hoje defensor da moralidade e dos bons princípios da execução sumária de bandidos – que pertençam ao PPP {preto, pobre e puta}, mas que durante anos viveu à sombra de algum grupo econômico poderoso e hoje vislumbra uma candidatura forte ao Governo do Estado do Rio de Janeiro em sucessão ao nosso caro “Pinóquio”, e que sinceramente acho que vai levar fácil essa eleição). Enfim, tantas leis que sempre demonstraram o seguinte: faça o que quiser, haja o que houver, a liberdade de expressão está acima de tudo – mesmo que seja se expressar matando, roubando, etc.
Eles imitam o que há de errado e negativo: o Snoop Dog, 50 cent, Mulher Pêra, Maçã, Melancia, Abóbora, Tangerina, e veem o Super Pop. Idolatram jogadores de futebol como se fossem deuses vivos. Acham Marcelo D2 o máximo (perguntaram ao Marcelo D2 o que ele acha se o filho dele fumasse maconha. Resposta: com certeza não o deixaria fazer algo tão ruim). Amam o BBB e vislumbram um mundo perfeito de competição feroz e destrutiva. Acham o Pânico legal (mesmo que o Emílio Zurita seja um “cafetão de talentos”, como bem disse Rita Lee). Amam seu clube de futebol acima da própria vida (“Se o Fluminense morresse, eu morreria também só para ir ao céu para vê-lo jogar” – palavras de um torcedor fanático de 14 anos de idade). Montam festas com slogans que pregam a calhordice (“Sodoma e Gomorra, a festa”, “Cafajestes, a festa”, “Canalhas, a festa”, “100% Prostitutos, a festa). Enfim, fazem o que a grande mídia manda.
O debate é livre e o fórum de opiniões é democrático, assim como o é nosso Brasil. Minha intenção – na minha modestíssima opinião – é buscar fontes que melhorem nossa vida enquanto professor(a), pai, mãe, amigo(a), enfim seja lá qual for sua posição diante do quadro sombrio que se apresenta hoje.
Agora, perguntem a sra. Thereza Porto ou Sra Cláudia Costin, quantas vezes elas entraram numa sala de aula para trabalhar. E elas são as menos culpadas, pois os verdadeiros e maiores culpados são aqueles que as colocam nos cargos de Secretárias de Educação.
Esse espaço que temos sempre foi objeto de discussão dos mais variados temas, mas nunca, pelo menos não vem à memória nesse momento, buscamos de forma concreta estabelecer parâmetros ou paradigmas que possam criar soluções. Criticamos uns, elogiamos outros, falamos sobre dança, estilo de música, entre outros, mas não tocamos na ferida, no câncer que nos dói e martiriza.
Não sei quanto a vocês, mas estou fazendo minha parte. Onde trabalho, levo meus filhos e mostro para meus alunos como é importante se ter carinho e respeito ao próximo. Procuro mostrar-lhes que eles também já foram crianças e se hoje cresceram, devem se lembrar de que seus pais, de alguma forma, investiram muito na sua formação. ENSINO-LHES que em vez de escrever CVRLADATCP, escrevam RESPEITO, AMOR, PAZ, SOLIDARIEDADE.
Se vai dar certo ou não só o tempo dirá. Mas podem ter certeza de uma coisa: enquanto eu for um professor – e acho que não vai durar muito mais tempo além do tempo que já levou –, eles me terão como um espelho, alguém em que se pode confiar e que vai ajudá-los.
O debate está aberto. Vamos discutir o assunto.
Abraços e fiquem com Deus.




Questões de História

1. "As colônias não passam de estabelecimentos de comércio." (Choiseul, Ministro das Colônias da França, 1765.)
Marque a opção que explica melhor a frase acima.
(A) Segundo a visão mercantilista, a colonização era enfocada, principalmente, a partir dos interesses comerciais metropolitanos.
(B) O ministro francês quis ressaltar com sua frase que a colonização mercantilista foi de todo entregue ao comércio privado e seus estabelecimentos.
(C) A colonização mercantilista moderna ignorava a produção para concentrar-se só nas trocas e no lucro comercial.
(D) Nas colônias dos Tempos Modernos, segundo Choiseul, o governo metropolitano desejava que os comerciantes, não os produtores, tivessem os principais postos de mando.
(E) Choiseul representava os interesses dos comerciantes atacadistas franceses, daí ressaltar o caráter central do comércio na colonização da época.

2. "Os escravos são as mãos e os pés do senhor de engenho, porque sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumentar fazenda." (Antonil, Cultura e Opulência do Brasil, 1711, Livro I, Capítulo, IX). Assinale a opção que, baseada na citação do jesuíta Antonil, justifica corretamente os fundamentos da sociedade colonial.
(A) A sociedade colonial se resumia ao mundo da casa-grande e da senzala, espaços fundamentais de um mundo rural mediado pelos engenhos açucareiros.
(B) O ideal de sociedade colonial, segundo os inacianos, era o de uma sociedade de missões, o que explica a crítica do jesuíta Antonil à escravidão.
(C) A estrutura social do Brasil Colônia era fundamentalmente escravista, uma vez que os setores essenciais da economia colonial, a exemplo da agro-manufatura do açúcar, dependiam do trabalho escravo, sobretudo dos africanos.
(D) A sociedade escravista erigida na Colônia sempre foi condenada pelos jesuítas que, a exemplo de Antonil, desejavam ardorosamente que índios e africanos se dedicassem ao mundo de Deus.
(E) A sociedade colonial possuía duas classes, senhores e escravos, pólos antagônicos do latifúndio ou da "fazenda" mencionada por Antonil.

3. Túpac Amaru - nome assumido por um líder rebelde que se chamava Condorcanqui - chefiou em 1780-1781 uma rebelião nas terras altas do Peru.
Assinale a frase que exprime características verdadeiras de tal revolta.
(A) Foi uma revolução social que pretendeu instalar nos Andes uma sociedade tribal e igualitária, sem propriedade privada.
(B) O movimento consistiu em uma traição aos ideais indígenas, já que o seu líder descendia parcialmente de espanhóis, estudara na Espanha e era casado com uma espanhola.
(C) Trata-se de um movimento fracassado de independência do Peru, que reivindicava a restauração do Império Inca.
(D) Túpac Amaru descendia de um líder inca executado pelos espanhóis no século XVI e pretendia obter para si o cargo de vice-rei do Peru.
(E) O movimento sempre proclamou lealdade ao deus cristão e ao rei da Espanha, voltando-se contra os abusos dos funcionários e exigindo impostos menores, melhor sistema de justiça e economia inter-regional mais aberta.

4. "Consideramos evidentes as seguintes verdades: que todos os homens foram criados iguais; que receberam de seu Criador certos direitos inalienáveis; que entre eles estão os direitos à vida, à liberdade e à busca da felicidade."
(Declaração de Independência dos Estados Unidos da América, 2 de julho de 1776.)
Esta passagem denota
(A) o desejo do Congresso Continental de delegados das Treze Colônias no sentido de empreender reformas profundas na sociedade do novo país.
(B) a utilização de categorias do Direito Natural Racional, no contexto das idéias do Iluminismo. (C) que o Congresso Continental, apesar de rebelde à Inglaterra, permanecia fiel ao ideário do absolutismo, pois deste emanavam os ideais que defendia.
(D) influência das reformas empreendidas no século XVIII pelos chamados "déspotas esclarecidos" da Europa.
(E) que os delegados das Treze Colônias tinham uma concepção ingênua e equivocada das sociedades humanas.

5. No final da chamada "era napoleônica", derrotado o imperador francês em 1815, tornou-se possível a recomposição das forças sociais e políticas ligadas ao Antigo Regime, em boa parte do continente europeu. Nada disso deteve, porém, a onda revolucionária e o surgimento de revoltas, a partir de 1820 até 1848. Na Itália, por exemplo, coube a uma sociedade secreta a elaboração de um programa político "contra as tiranias", cuja grande meta era a unificação da nação italiana e o triunfo dos princípios liberais.
Assinale a opção que identifica corretamente os revolucionários acima mencionados:
(A)Pedreiros-livres
(B) Cristãos-novos
(C) Maçons
(D) Carbonários
(E) Jacobinos

6. Por ser o herdeiro de menor idade, a abdicação de D.Pedro I, em 1831, resultou na formação de governos regenciais que, até 1840, enfrentaram inúmeras dificuldades para manter a integridade territorial do Império. Entre as várias rebeliões irrompidas nas províncias, a ocorrida no Maranhão notabilizou-se pela diversidade social dos insurgentes, entre os quais não faltaram escravos e quilombolas.
Assinale a opção que identifica corretamente a revolta mencionada acima.
(A) Cabanagem
(B) Balaiada
(C) Farroupilha
(D) Revolta dos Malês
(E) Praieira

7. Ao final das guerras de independência na América Espanhola, o clima de instabilidade política alastrou-se por toda parte, multiplicando-se as lutas de facções e a sucessão de governos frágeis em quase todos os territórios hispano-americanos. Assinale a opção que explica corretamente a instabilidade política vigente na América Espanhola na primeira metade do século XIX.
(A) Nesse período não foi possível a formação de blocos de poder hegemônicos que viabilizassem estruturas estatais sólidas nos países resultantes do esfacelamento do império hispano-americano. Isto favoreceu o poder pulverizado e efêmero de vários caudilhos.
(B) As economias hispano-americanas estavam totalmente destruídas, rompendo-se, por conseguinte, o comércio com a Europa, outrora vigoroso, e a possibilidade de alianças políticas no interior das classes dominantes.
(C) A manutenção das heranças políticas coloniais, sobretudo a estrutura dos Vice-Reinados, favoreceu o caudilhismo e retardou a formação dos Estados Nacionais.
(D) A opção pelo regime republicano, ao invés do monárquico, é a chave para se compreender não só a instabilidade política das jovens nações hispano-americanas, mas também a fragmentação territorial e a descentralização dos regimes nelas instauradas.
(E) A instabilidade política hispano-americana deveu-se, basicamente, à multiplicação de regimes militares, a exemplo do pan-americanismo bolivariano, herança do pós-independência que marcaria a tradição política do continente.

8. À época de Bismarck (1871-1890) associam-se alguns elementos que vieram a reforçar o capitalismo industrial e financeiro na Alemanha recém-unificada.
Assinale a opção que contém referências vinculadas ao momento político mencionado.
(A) Vitória dos cristãos-sociais mais moderados ao impor reformas do sistema de trabalho na década de 1880, greve dos mineiros do Ruhr, emigração maciça para o continente americano, imposição do livre comércio de importação e exportação em 1879.
(B) lverein ou união aduaneira alemã, abolição do regime político federal no Império Alemão, diminuição da influência dos Junkers prussianos, dissolução da Aliança do Centeio e do Aço.
(C) Unificação monetária alemã e fundação do Reichsbank, extensão das ferrovias, desaparecimento de numerosas peque-as empresas após a crise financeira de 1873, imposição do protecionismo alfandegário em 1879.
D) Financiamento de seguros sociais pelo Reichsbank para aliviar tensões, condução a um período de paz social através da unidade alemã, privatização das ferrovias, entrada da Alemanha na corrida colonial ao anexar a Etiópia.
(E) Sacrifício da agricultura à indústria, reforço da posição dos industriais determinado pelo "novo curso" ligado ao chanceler Caprivi, formação, no Reichstag, da maioria chamada "do Cartel", favorável ao grande capitalismo e a medidas anti-sindicais em 1879.

9. A abolição do tráfico africano pode ser considerado um dos principais fatores explicativos do definhamento progressivo do escravismo no Brasil. Privada da fonte atlântica de abastecimento de cativos, a classe senhorial do Império teve que apelar para o tráfico interno entre as províncias. Deste se beneficiou o sudeste, região que concentrava 87% da população cativa do país entre 1870 e 1880. No ano de 1887, às vésperas da Abolição, 15% da população cativa estavam na província de São Paulo. Assinale a opção que caracteriza corretamente a dinâmica da economia cafeeira no século XIX em função do problema da mão-de-obra.
(A) A cafeicultura do oeste paulista ancorada nas colônias de parceria não se baseou no trabalho livre, mas em relações semi-escravistas, como demonstra a revolta dos parceiros de Rio Claro na década de 40.
(B) A abolição do tráfico africano conduziu ao reforço da escravidão nas antigas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, sobretudo no Vale do Paraíba, ao contrário do ocorrido em São Paulo, cujos cafeicultores optaram, desde logo, pelo trabalho assalariado de imigrantes.
(C) A abolição do tráfico africano não conduziu, de imediato, à crise do escravismo, uma vez que a população cativa do país aumentou extraordinariamente até a década de 80, sobretudo no sudeste, graças ao crescimento vegeta-tivo ocorrido entre africanos e crioulos.
(D) A crise da economia cafeeira no Vale do Paraíba deveu-se mais ao desgaste dos cafezais plantados em encostas, do que à falta de braços para a lavoura, ao passo que, no oeste paulista, a abundância de solos de "terra roxa" e o trabalho dos colonos impulsionaram a cafeicultura da região.
(E) A expansão cafeeira no sudeste desenvolveu-se com base no trabalho escravo, inclusive no oeste paulista, não obstante ali se tenha adotado, em larga escala, o trabalho juridicamente livre de imigrantes ao longo dos anos 80.

10. Assinale a opção que sintetiza algumas das idéias do líder anarquista Bakunin.
(A) Bakunin é chamado de anarquista porque, em 1881, suas idéias resultaram em uma Internacional Socialista separada da Primeira Internacional, semeando a anarquia nas hostes do movimento operário europeu.
(B) A sociedade livre deve recusar qualquer forma de organização que limite a liberdade individual; por tal razão, o anarquismo pode ser considerado um movimento anti-social e anti-político.
(C) O anarquismo de Bakunin foi uma tentativa burguesa diversionista de opor ao marxismo uma contrafação de socialismo baseada em idéias absurdas, mas de apelo para os operários.
(D) A sociedade livre deve organizar-se espontaneamente em grupos de vizinhos (comunas) e de pessoas que trabalham juntas (cooperativas); entre tais grupos podem surgir confederações livres, mas sem que se institua acima deles uma autoridade controladora.
(E) Bakunin era um fidalgo russo boêmio e profundamente reacionário, cujas idéias resumiam-se na recusa de qualquer autoridade ou associação de qualquer tipo e nível, tanto na economia quanto na política.

11. Ao longo do século XIX, a Inglaterra deu inúmeras demonstrações de seus interesses políticos e econômicos na América Latina, atuando, direta ou indiretamente, em diversos conflitos inter-americanos.
Assinale a opção que caracteriza corretamente a atuação inglesa em uma das questões platinas.
(A) A Tríplice Aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai, responsável pela derrota paraguaia em 1870, não foi senão um disfarce para as ambições colonialistas inglesas na região platina.
(B) A Inglaterra foi a grande vitoriosa na Guerra do Paraguai, onde interveio com sua Marinha de guerra, pois temia que Solano López transformasse o Paraguai em potência concorrente do capitalismo britânico.
(C) A intervenção inglesa na Guerra do Paraguai, a partir de 1866, tinha por objetivo assenhorear-se da produção paraguaia de algodão, uma vez que a indústria têxtil britânica se viu privada de sua principal matéria-prima com a derrota do sul escravista na Guerra de Secessão, em 1865.
(D) A Inglaterra interveio diretamente contra o governo argentino de Juan Manuel de Rosas, na década de 40, a ponto de a Armada inglesa bloquear o porto de Buenos Aires.
(E) A intervenção inglesa contra o regime de Juan Manuel de Rosas, nos anos 40, objetivou restaurar o bloqueio de Buenos Aires na embocadura do Rio da Prata, considerado essencial para o livre comércio na região.

Questões de História














01. A partir da interpretação da charge acima, cite três práticas políticas que caracterizaram a “Nova” República Brasileira (1889/1930).
Solução
O clientelismo político, autoritarismo e as práticas políticas oligárquicas.

02. Sobre a sociedade industrial, na primeira metade do século XIX, afirma-se que:

“(...) apesar dos esforços sistemáticos, em larga escala, para alargar as ruas (...) aumentar e aperfeiçoar a drenagem e a rede de esgotos (...) nas regiões em que residem as classes mais ricas, nada foi feito para melhorar as condições dos distritos habitados pelos pobres.”
THOMPSON, E.P. A Formação da Classe Operária Inglesa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987, V. 2 p. 187

A partir do texto acima, comente as condições de vida da população pobre das cidades no contexto da Revolução Industrial.
Solução
As cidades cresciam desordenadamente, no contexto da Revolução Industrial, proporcionando uma diferenciação social entre os bairros dos ricos e os habitados pelos trabalhadores. O que acarretou, nos bairros operários, péssimas condições de vida devido a falta de equipamentos urbanos como: escolas, saneamento e moradias adequadas etc.

03. Tratando-se da influência do liberalismo no processo de Independência do Brasil, Emília Viotti afirma que:

“O liberalismo significava nesta fase a liquidação dos laços coloniais. Não se tratava de mudar a sociedade e reformar a estrutura colonial de produção”.
COSTA Emília V. Introdução ao Estudo da Emancipação política do Brasil
in: MOTA, Carlos Guilherme (Org). Brasil em Perspectiva, São Paulo, Difel, p. 93
De acordo com o texto acima, cite três características do liberalismo, na Constituição de 1824, que expressam as idéias da historiadora.
Solução
Manutenção do trabalho escravo, permanência da grande propriedade e a centralização monárquica.
04. “Se Brasília foi a grande arma simbólica da presidência de Juscelino, sua grande arma política foi o desenvolvimentismo. Mas o sucesso no seu manejo só foi possível graças à grande alavanca estratégica: o plano de metas, ou Programa de Metas”.
MARANHÃO, Ricardo. O Governo Juscelino Kubitschek. São Paulo: Brasiliense, 1981, p. 44
Quais as contradições do modelo nacional desenvolvimentista?
Solução
A abertura do Brasil para o capital estrangeiro sobretudo o norte-americano, o que propiciou o endividamento do País, apesar da proposta se apresentar como nacional desenvolvimentista.

05. “Um estudo recente do Banco Mundial mostra o outro lado do ‘Modelo do Ceará’,(...). O estudo fala de uma pobreza gigantesca, atingindo 58% da população, (...). Numa descoberta chocante, o trabalho revela que a vida de quem se encontra na faixa dos 20% mais pobres tem piorado de modo regular e contínuo de 1993 para cá (...). Enquanto a fatia 1% mais rica da população do Ceará mantém, (...), seu quinhão de 18% da renda local – exatamente como ocorrida em 1981 (...), a fatia dos 20% do patamar de baixo vem perdendo migalhas. No início dos anos 80 sua parcela ficava entre 3% e 4%. Em 1999, (...) diminuíra para 2,3% redução de quase 50%”.
Jornal Gazeta Mercantil 12/06/2001, p.A-10
Cite dois exemplos de políticas públicas implantadas pelo governo do Ceará nas duas últimas décadas.
Solução
Apesar da propaganda governamental e da dita modernidade implementada pelo “Governo das Mudanças”, os trabalhadores do campo e da cidade sofrem um crescente processo de emprobecimento, que se reflete na concentração da renda como se constata pelo texto. Essa situação é resultante da falta de uma reforma agrária, de incentivos a pequena produção, da falta de financiamento e apoio tecnológico; o que repercute na migração em busca de condições de vida e trabalho ocasionando o crescimento desordenado das cidades.
06. Leia a canção “A sagração do Cavaleiro no século XII”
Empunhando Durendal, a cortante,
O Rei tirou-a da bainha, enxugou-lhe a lâmina,
Depois cingiu-a em seu sobrinho Rolando
E então o papa a benzeu.
O Rei disse-lhe docemente, rindo:
“Cinjo-te com ela, desejando
Que Deus te dê coragem e ousadia,
Força, vigor e grande bravura
E grande vitória sobre os Infiéis.”
E Rolando diz, o coração em júbilo:
“Deus me conceda, pelo seu digno comando”.
Agora que o Rei cingiu a lâmina de aço,
O duque Naimes vai se ajoelhar
E calçar em Rolando sua espora direita.
A esquerda cabe ao bom dinamarquês Ogier.
DUBY, Georges, A Europa na Idade Média, São Paulo: Martins Fontes, 1988, p 13.
a) Qual o papel da cavalaria na sociedade medieval?
b) O que a figura do papa representa no ritual da cavalaria?
Solução
A cavalaria era utilizada para combater os inimigos externos da nobreza, como também internamente combatia as revoltas que ameaçavam a ordem feudal, como foram as revoltas camponesas. Contudo no discurso elaborado pela Igreja, a função da cavalaria era de defesa da sociedade contra os inimigos externos.


07. Leia o Texto I abaixo:
“Em 1930, o Brasil estava maduro e pronto para alterações em suas lideranças políticas. A Nação brasileira vinha dando, desde 1916 e até mesmo antes, inequívocos sinais de que estava cansada das lideranças oligárquicas que a dirigiam(...).
Percebia-se ainda, uma profunda insatisfação com a incapacidade do governo central em corrigir os males de uma economia agrícola baseada em um único produto – o café – e voltada excessivamente para a exportação”. CABRAL, João B. P. IN: Gadelha, Marcondes (Org.) Anais da semana Comemorativa da Revolução de 30.
Leia a seguir o Texto 2 abaixo:
“(...) talvez agora seja possível avaliar a força da idéia de revolução de 30 – constituída no interior da luta de classes – como marco divisor da história do Brasil, pelo qual os vencedores julgaram todo o passado, definindo desde o princípio, inclusive, o inimigo que essa revolução abateu: o fantasma da oligarquia. Lugar onde se ocultou a luta de classes, essa memória histórica de um processo político em curso pelo menos desde 1928 dificulta sobremaneira acompanhar o percurso percorrido pelas classes sociais e definir o conjunto dos vencedores da luta (...)”.
DE DECCA, Edgar de. 1930: O Silêncio dos Vencidos. São Paulo: Brasiliense, 1984. p.107
Compare as visões que os textos acima expressam sobre a Revolução de 1930.
Solução
O texto 1 afirma a revolução de 1930 como um conflito das políticas intraoligárquicas isto é, as dissidências ocorridas no interior das oligarquias sem a participação de outros sujeitos sociais como as camadas médias e os trabalhadores.
O texto 2 - Expressa que a revolução de 1930 é resultante da luta de classes. No entanto, a historiografia tradicional silencia sobre este conflito negando a participação dos múltiplos sujeitos sociais na história.

08. Leia os depoimentos abaixo.
Texto 1
"A globalização está multiplicando a riqueza e desencadeando forças produtivas numa escala sem precedentes. Tornou universais valores como a democracia e a liberdade. Envolve diversos processos simultâneos: a difusão internacional da notícia, redes como a internet, o tratamento internacional de temas como meio ambiente e direitos humanos e a imigração econômica global".
Fernando Henrique Cardoso
Texto 2
"(...) O Brasil é produto da expansão do capitalismo europeu do final do século XV. O que está havendo agora é uma aceleração. Isso pode ser destrutivo para o Brasil se o país não administrar sua participação no processo. A globalização é boa para as classes mais favorecidas. As menos favorecidas ficam sujeitas a perder o emprego." Paulo Nogueira Batista Junior
Compare as idéias sobre o processo de globalização formuladas nos depoimentos acima.
Solução
O depoimento de Fernando Henrique Cardoso expressa a positividade do processo de globalização. São ressaltados o desenvolvimento das forças produtivos, da ciência e da tecnologia, o fortalecimento da democracia e da liberdade. Enquanto Paulo Nogueira Batista apresenta a globalização como um processo de expansão do capital que se iniciou no século XV e que, na conjuntura atual pode ser destrutivo para o Brasil, principalmente para os setores assalariados que estão perdendo seus empregos. E mais, que o Brasil deve se inserir no processo de globalização preservando sua autonomia frente aos organismos internacionais.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Quem escreve o que quer, lê o que não quer!

Trabalho de Conclusão de Curso de Administração da Universidade Mackenzie/SP
Pedido dos Alunos do Mackenzie ao Café Pilão:
Prezados Srs.,Gostaria de verificar a possibilidade da realização de uma entrevista com o responsável pela Área de Marketing a respeito do mercado decafé tipo exportação no Brasil. Eu e meus colegas somos alunos docurso de Administração/Comércio Exterior da Universidade Mackenziee temos como tema do trabalho de conclusão de curso a influência do selo 'tipo exportação' no consumo de café no Brasil. A idéia é estudarmos os efeitos do produto exportável no mercadodoméstico e por isso selecionamos profissionais do mercado de cafécuja opinião nos seria de algum valor. A entrevista seria agendada conforme a disponibilidade da sua empresa e não levaria mais do que uma hora. Aguardo um retorno, e desde já agradeço.
Resposta do Café Pilão:
Agradecemos o seu contato e o seu interesse no nosso CaféPilão. Informamos que nós, do Café Pilão, possuíamos uma política para divulgação das informações sobre osnossos produtos e sobre a nossa empresa. Desta forma, disponibilizamos o site para que o estudante tenha acesso às informações sobre a marca do produto e a empresa, possíveis deserem divulgadas. Você poderá acessar nossa página pelo endereço: http://www.cafepilao.com.br/ Esperamos que você possa apreciar o site do Café Pilão, pois ele foi especialmente desenvolvido com todo carinho para você! Mais uma vez agradecemos o seu contato e colocamos o Serviço de Atendimento ao Consumidor a sua disposição. Um abraço, Gledes de Souza.Serviço de Atendimento ao Consumidor.
Réplica dos alunos:
Prezado Sr. Gledes de Souza. Somos alunos do último semestre do curso de Administração/COMEXda Universidade Mackenzie. Embora o nosso curso seja meia-boca, Vsa. seja meia-boca e essa água suja que vocês chamam de café seja meia-boca, nós não o somos e a nossa paciência se esgotou. Como Vsa. não deve saber o que é stress, pois a sua existência medíocre não prevê a transposição de limites, prazos, etc, eu gostaria de, em poucas linhas, escrever que é muito foda ralarmos para pagar a "facu", mantermos nossos empregos,tentarmos minimamente concluir os trabalhos que sempre deixamos atrasar e ainda termos que aturar respostas imbecis como a que Vsa. nos mandou. Para tentar fazê-lo perceber o quão estúpida foi a sua atitude, segue um silogismo bem didático, com a seqüência de raciocínio que o seu cérebro de amendoim deveria ter feito:
1. A minha mensagem chegou por meio do site do Café Pilão, portanto eu tenho acesso à Internet
2. A mensagem foi escrita, logo eu sei escrever
3. Se eu sei escrever, muito provavelmente eu saiba ler
4. Se eu sei ler, tenho acesso à Internet e acessei o site do CaféPilão p/escrever a mensagem, eu vi o que havia escrito lá
5. Se eu me dei ao trabalho de escrever uma merda de mensagem para uma banca de idiotas do serviço de atendimento, é porque eu preciso dealgo ALÉM do que está no site. Ficou claro? Portanto, meu amigo, eu penso sinceramente que pessoas como Vsa. deveriam ser esterilizadas ao nascer, pois assim pouparíamos asfuturas gerações do convívio desgastante que hoje somos obrigados a manter, em nome dos direitos humanos e da civilidade. Por fim, segue um conselho e um pedido. O conselho é que Vsa. se mate o mais rápido possível, e o pedido é que, antes de se matar, você vá tomar no CÚ.
Tréplica do Diretor de Marketing do Café Pilão:
Prezados Formandos: Como vocês já devem ter percebido, cometeram vários erros na sua solicitação, imperdoáveis em alunos que estão saindo dos bancos de uma universidade para o mercado de trabalho.
Erro 1: Vocês tentaram estabelecer contato com uma grande empresa usando ocanal de comunicação errado, ou seja, o SAC, Serviço de Atendimento ao Consumidor. Se vocês já tivessem recebido a graça de um estágio numa empresa medianamente organizada, este fato, além de transformá-los em alvo de piada, jamais lhes renderia um emprego na alta administração, nem menos no telemarketing que é onde as empresas atendem idiotas iguais a vocês.
Erro 2: Vocês também revelaram grande amadorismo em fazer este tipo de contato por e-mail, como se em alguma empresa houvesse profissionais prontos para responder pedidos de filhinhos de papai que deixam os seustrabalhos de aula para a última hora, porque ficam fumando maconha, correndo atrás de gatinhas e torrando a grana da família nos botecos da vida.
Existe um equipamento chamado telefone, que é atendido por uma profissional chamada telefonista. Aqui na Pilão, casualmente, a telefonista é uma diplomada em Administração pela Mackenzie, comênfase em Comércio Exterior, que, por suas raízes, certamente abriria as portas para vocês.
Erro 3: O trabalho proposto por vocês é de uma inutilidade espantosa, umaprova de total incompetência para quem está obtendo um diploma debacharel em administração.. Na verdade, é uma pesquisa estúpida e imbecil, pois utiliza uma metodologia completamente errada -'entrevistas com profissionais do café ' para 'estudar os efeitosdo produto exportável no mercado doméstico'.
Garotos, este tema já foi pesquisado há 10 anos atrás e não tem maisa mínima importância depois que Collor de Mello abriu as fronteirasdo Brasil. Naquele tempo, aliás, os jovens, além de estudiosos, também eram politizados. Vocês já ouviram falar dos'caras pintadas' ou acham que isso é apenas um apelido para palhaços como vocês? Espero, com esta resposta, estar contribuindo para a formação de vocês. Mas, se esta resposta não lhes servir como uma pequena lição, fiquem tranqüilos. Entrem novamente em nosso site econheçam os nossos projetos sociais, destinados a recuperar jovens drogados, a fazer inclusão digital (ensina inclusive a usar a internet) e a tratar problemas sexuais em jovens estudantes. Ah, antes que esqueça, abriu uma oportunidade de estágio para formandos em Comércio Exterior aqui na empresa: na Namíbia. Sabemos que é no cú do mundo, mas como vocês merecem tomar no cú, é um bom lugar.
Atenciosamente.
Jairo Soares
Diretor de Marketing